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O caso da mulher adúltera

Se ontem as pedras eram lançadas com as mãos, hoje elas são jogadas com comentários, compartilhamentos e postagens. Os fariseus levaram a mulher até Jesus não movidos por zelo moral, mas para pô-lo à prova.

15/10/2025 às 13h56
Por: Redação Fonte: Da assessoria
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Estamos em 2025 e observando a espetacularização de situações que não cabem a nenhum de nós julgar. Ontem, depois do ocorrido na Diocese de Diamantino, como cristã, mulher e comunicadora, pude avaliar a situação com muita, muita dor no coração. 

Em tempos de redes sociais, a cena do Evangelho da mulher surpreendida em adultério (Jo 8,1-11) parece mais atual do que nunca. Aquela mulher, arrastada à praça pelos fariseus e exposta diante de todos, é hoje a pessoa filmada, julgada e condenada nos tribunais digitais — antes mesmo de qualquer chance de arrependimento. 

Se ontem as pedras eram lançadas com as mãos, hoje elas são jogadas com comentários, compartilhamentos e postagens. Os fariseus levaram a mulher até Jesus não movidos por zelo moral, mas para pô-lo à prova. Queriam ver se Ele seguiria a lei ou trairia a misericórdia.

Essa mesma tentação se repete na Igreja e na sociedade contemporânea: a ânsia de denunciar, expor e condenar em nome da verdade, esquecendo-se de que o primeiro dever da Igreja não é apontar o pecado, mas amar o pecador.

A caridade é a lei maior do cristão. São Paulo nos recorda que, mesmo que falássemos as línguas dos anjos e tivéssemos toda a fé, sem amor, nada seríamos (1Cor 13,1-2). Quando a Igreja pratica a caridade — isto é, quando olha o pecador com os olhos de Cristo — ela não aprova o erro, mas oferece caminho de conversão. 

Jesus não negou o pecado da mulher, mas tampouco permitiu que ela fosse destruída por ele. Seu gesto foi desarmar as mãos violentas e abrir espaço para o recomeço: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra.”

A cultura da exposição, ao contrário, anula a possibilidade do arrependimento. Quando a vida de alguém é reduzida a um vídeo, a um rumor ou a uma manchete, o que se busca não é justiça, mas espetáculo. Cada curtida se transforma em pedra lançada, e cada compartilhamento reforça a condenação pública — sem amor, sem contexto, sem misericórdia.

Ser Igreja, no entanto, é agir como Cristo: aproximar-se dos que erram, sem medo de se comprometer com a verdade, mas sempre conduzindo-a pela via do amor. A missão cristã não é amplificar o escândalo, e sim oferecer a cura. É reerguer quem caiu, lembrando que todos precisamos da mesma graça que um dia levantou aquela mulher do chão.

Em um mundo sedento por julgamentos, eu quero que você saiba que pode contar comigo, Isabele. Você não está sozinha!

A Igreja é chamada a ser sinal de misericórdia. Que diante de cada “caso” exposto — seja nas praças antigas ou nas redes sociais de hoje — ressoe a voz de Jesus: “Ninguém te condenou? Eu também não te condeno.” Seu nome, uma variação de Isabel, significa que está consagrada a Deus. E hoje, dia de Santa Teresa D’Ávila, doutora da Igreja, te digo: Só Deus Basta!

Somente quando escolhermos o amor antes da acusação, a misericórdia antes do julgamento e o silêncio orante antes do compartilhamento, estaremos realmente cumprindo o primeiro e maior dever da Igreja: a caridade.

E para você, cristão ou não, mas que de pé está e se divertindo com as imagens repercutidas: cuide para que não caia! Longe de Deus está o coração perverso, já dizia o salmista (Sl 100), pois, se não agrada a Deus a impureza física, a maldade e a falta de ética, muito menos.

Simone Guedes, jornalista e comunicadora católica

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